PARTE II
RESUMO do IV CONGRESSO IBÉRICO DE TERAPIA FAMILIAR
O segundo dia do Congresso iniciou-se com uma Conferência sobre “Terapia de Casal”. Mas o que significa isto de ser um casal? Como é que fazer parte de um casal pode constituir uma experiência de prazer? Segundo a Teresa Moratalla, é “simples”:
Começamos com a PAIXÃO
Segue-se o AMOR
Fazemos parte de algo PERTENÇA
Construímos pilares INTIMIDADE
Assentamos em bases seguras ATTACHMENT
Mas se falamos em terapia de casal, falamos no desbloqueio de crenças, na negociação das diferenças, na gestão de expectativas, no conhecimento dos conflitos e na forma de os quebrar círculos que parecem não ter fim mas que podem ser reformulados. Atribuem-se novos significados e trabalhamos rumo à mudança.
E mudamos, mudamos para uma Conferência repleta de arte e emoção, mantendo a temática da Terapia de Casal, segundo Ana Apolónia.
“Nós só mudamos pelo que nos move”.
Mas o que é que nos move realmente enquanto casal numa atualidade cheia de contradições no que se refere ao amor? Analisemos então de que contradições de que estamos a falar:
Dificuldade em manter um compromisso
Fragilidade dos vínculos
Querer partilha e simultaneamente autonomia
Querer liberdade e simultaneamente segurança
Querer estabilidade e simultaneamente aventura
Querer amizade e simultaneamente paixão
Querer estrutura e simultaneamente diversão
E muitas vezes, surge o choque, o desespero, o desamparo, a desilusão, a sensação de engano. Devemos desprender-nos do acessório e forcarmo-nos no essencial, no nosso essencial, em ver o outro através do coração, em baixar as nossas defesas e tocar o outro com emoção, sermos tocados com amor.
E por falar em toque, tenho que destacar algumas palavras da Annette Kreuz.
“Diz-me como recebes e como te despedes do teu companheiro, dir-te-ei como está a vossa relação”. Um beijo que te prepara para o dia que se segue, um abraço que te permite desconectar com o mundo exterior e voltar a ligar a esfera familiar. Separamo-nos e voltamo-nos a encontrar. Vezes sem conta. Uma rotina. Mas de que forma? Pode esta rotina reduzir o impacto das crises numa família/casal?
“Sempre que uma vela é acesa, um sombra é gerada”. Não há dúvidas sobre a inevitabilidade das crises numa família, num casal. Estas podem ser percecionadas como perigos ou como oportunidades mas as crises geram, normalmente, uma mudança. O problema é que, atualmente, a mudança é demasiado rápida, muito imprevisível, é imediata e pouco tolerante.
Na terapia precisamos de espaço para parar, para pensar. Precisamos que “a emoção abra as portas da prisão com o que pensamento encerra a alma”. A receita não está feita, a solução não está pronta. Precisamos de trabalhar uma relação, precisamos de a encontrar, de construir uma intimidade relacional através de uma confirmação mútua. Mas para isto, precisamos de parar e de pensar. Conseguimos?
“Não é o amor que sustenta a nossa relação. Mas é a relação que sustenta o nosso amor.”
Continua na Parte III