PARTE I

RESUMO do IV CONGRESSO IBÉRICO DE TERAPIA FAMILIAR

Uma semana depois, partilho uma pequena súmula daquilo que foi, aos meus olhos, o IV Congresso Ibérico de Terapia Familiar. Para os colegas que não conseguiram ir, para os que têm curiosidade sobre a matéria e para todos aqueles que gostam de ler os meus textos. Espero que seja uma leitura profícua 🙂

“Amor em tempos de crise”. O tema do congresso e o mote da primeira conferência, de Michele Scheinkman, em que, para além de tantas outras coisas, falamos do ciclo de vulnerabilidades de um casal e dos processos que precisam de trabalhar para sustentar a sua intimidade ao longo do tempo. Entre eles destaco:

  1. a diferenciação do self;
  2. a auto-exposição, empatia e confiança
  3. união na criação de significados
  4. igualdade, generosidade e reciprocidade
  5. competências para ultrapassar as suas vulnerabilidades sem projeções e acusações

Falamos ainda da digitalização da intimidade. Quais as novas fronteiras ao nível da comunicação? Que constrangimentos as novas tecnologias colocam à conjugalidade? Como é que esta digitalização se coaduna com a confiança e a privacidade? Também digitalizamos a partilha?

As nossas vulnerabilidades expõem-nos. Sentimo-nos frágeis e adoptamos muitas vezes um escudo. Um escudo que nos defenda. Mas os escudos, normalmente, são duros, tão duros como as posições que nos fazem tomar. E as posições rígidas levam a interações que escalam, a polarizações crescentes. E a partir daqui, poderemos estar perante um desligamento. E quando nos sentimos assim, sós, ativamos a nossa “independência” e auto-suficiência. Antecipamos o abandono e a perda e temos medo. Este medo pode levar novamente ao desligamento. Estamos perante um ciclo, um ciclo de vulnerabilidades que, não sendo obrigatoriamente este, é necessário identificar para que consigamos auxiliar os casais, famílias e outras pessoas que procuram a Psicologia a quebrar. Por vezes, é mesmo preciso traçar uma rota, pois há casais/indivíduos que se perdem neste ciclo e precisam de um mapa emocional que os possa conduzir. E aqui estamos perante a magia da Psicologia e da relação terapêutica 🙂

Seguiu-se o Simpósio sobre, precisamente, “Rotas da conjugalidade”. Rotas que nos levaram ao conceito de Intimidade e de inter(in)dependência, de equilíbrio entre a distância e a fusão, da alteridade e da forma como tudo isto (a intimidade e a diferenciação) leva ao desejo sexual e à satisfação conjugal.

Passamos da Intimidade para a Infidelidade. Como se mantém um relação depois da infidelidade? Como se gere esta crise no casal? Que influências surgem por parte de “rede social”? Quais os fatores protetores nesta situação?

 

Terminamos o dia com algumas questões de reflexão:

Como é que sei que sou amado?

Como é que mostro o amor?

Sou merecedor do teu amor?

“Tudo o que sabemos do amor é que o amor é tudo o que há”.

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Lídia Oliveira

Lídia Oliveira

Apaixonada pela Psicologia no geral e pela conjugalidade em particular.

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