Já não vivemos sem ele, o mundo digital, sobretudo agora que anda sempre connosco no bolso ou na carteira. O scroll é uma tentação infinita, os cliques tão fáceis, irresistíveis. Atos tão simples, rápidos, imediatos que se tornam, muitas vezes, ‘viciantes’. Quem é que ainda viaja sem a preciosa ajuda do Google Maps? Quem é que não espreita a meteorologia online para escolher a roupa do dia  seguinte? Quem é que, face a ausência de ideias para o jantar, não pesquisa no “amigo Google” (ou noutra app da nossa preferência) uma receita? Existe um infinidade de produtos digitais que melhoram significativamente  a nossa vida em diferentes aspetos – encurtam distâncias, proporcionam-nos conhecimento e contactos, permitem-nos aceder rapidamente a informação (relevante e supérflua), trazem soluções aos problemas do dia-a-dia. Os avanços da tecnologia concedem-nos tantos benefícios! Por outro lado, não podemos negar que o tempo que gastamos na sua utilização é cada vez maior, sobretudo nas redes sociais e na utilização de jogos.  

As empresas de tecnologias desenham e criam aplicativos baseados na análise do nosso comportamento, com o objetivo de fazer face às nossas necessidades. Mas quão efetivamente necessários são muitos dos produtos digitais que escolhemos utilizar horas a fio no nosso quotidiano?

Diz-se, para variadíssimas coisas, que o equilíbrio é a palavra-chave. Neste caso concreto, ao equilíbrio eu acrescentaria ainda a consciência e o controlo sobre nós, sobre as nossas emoções, o nosso comportamento.

Já se perguntaram quão enriquecedora é a vossa utilização da tecnologia?

Utilizam mais produtos digitais que acrescentam qualidade à vossa vida pessoal e profissional ou aqueles que apenas apaziguam as nossas curiosidades sociais? Conseguem controlar o tempo que lhes dedicam? Ou verificam o vosso smartphone de meia em meia hora? Alguns estudos recentes sugerem que o comportamento mais compulsivo com o qual nos temos envolvido está relacionado com a conectividade cibernética, seja verificar o e-mail, conferir o feed social em redes como o Instagram ou jogar on-line. Já pensaram nas emoções que nos levam a ter estes comportamentos? O que nos leva a estar tão emocionalmente conectados ao mundo digital?

Numa Era em que o tempo “vale ouro”, por vezes,  a falta de moderação e controlo parecem fazer-nos viver mais no mundo da interface virtual do que na vida real. A vida da cara a cara, dos cafés com sabor, das gargalhadas com som.  E aí perdemos o ouro que é o tempo dos jantares em família, das brincadeiras com os nossos filhos, da sedução na nossa conjugalidade. Aí sim, talvez “os ecrãs nos tornem menos felizes”. Mas só se o deixarmos.

Dada este meu interesse pelos impacto do uso da tecnologia no nosso comportamento e nos nossos relacionamentos, brevemente irei estar presente em alguns eventos que irão abordar as emoções aliadas à criação de produtos tecnológicos. Partilharei depois convosco as minhas novas aprendizagens 🙂

Enquanto isso, sugiro a visualização desta TED ou a leitura desta entrevista da “Behavioral Scientist”, ambas protagonizadas por Adam Alter, Professor de Psicologia na NYU, que se preocupa com o uso saudável da tecnologia.

Lídia Oliveira

Lídia Oliveira

Apaixonada pela Psicologia no geral e pela conjugalidade em particular.

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