No “dia do amor”, deparo-me com esta notícia cuja realidade não me surpreende. No meu dia-a-dia profissional contacto com bastantes jovens de idades distintas. Há algum tempo que trabalho com eles a questão do impacto (positivo e negativo) das redes sociais nas suas vidas, bem como a problemática da Violência no Namoro, apostando sobretudo na prevenção. São temáticas que lhes são tão próximas e importantes nesta fase e que, por isso mesmo, se justifica totalmente uma intervenção de forma continuada junto desta faixa etária.
De entre os diferentes tipos de violência no namoro, a exercida através das redes sociais tem ganho força, sendo a violência psicológica também bastante patente.
E questiono… não existindo uma vida conjugal, filhos… Que razões levam alguém a ficar numa relação violenta? E obtenho tantas respostas! Tantas quantas as inúmeras crenças erróneas sobre as relações amorosas.
Crenças tantas vezes relacionadas com o que se presencia nas relações das famílias de origem, crenças baseadas nas expectativas da sociedade em relação aos jovens do sexo masculino e feminino, em estereótipos de género que condicionam a forma como os jovens actuam e se projectam, na ‘imitação’ de outras relações idênticas dos seus pares.
Durante as sessões de sensibilização/informação/prevenção, compreendo que a maioria dos jovens conseguem elaborar a distinção entre uma relação saudável e uma relação potencialmente abusiva ou violenta. De forma ideal. No entanto, depois parece afigurar-se difícil colocar tudo aquilo que me dizem para as suas relações de namoro, em que muita coisa injustificável passa a ser considerada legítima. É é aqui que alerto para a importância de saberem identificar as situações de poder e controlo presentes numa relação, tento facilitar o posicionamento face a situações de namoro abusivas, aposto no desenvolvimento de competências de resolução de conflitos, de comunicação, de assertividade.
Gosto tanto do trabalho com jovens! Há tanto para explorar, tanto para fazer. Eles são o nosso futuro. Procuro sempre promover um amanhã melhor, mais saudável e harmonioso, no meio de um desenvolvimento de personalidade, por vezes, tão turbulento e que acarreta, em alguns casos, histórias de vida já tão carregadas. E o feedback que tenho obtido demonstra que vale tanto a pena este desafio que é tentar transmitir mensagens a estes jovens que, estando em fase de construção do self, precisam de conhecer outras perspectivas, outras formas de ver o mundo, de olhar com outra perspectiva, a perspectiva do amor, por si e pelos outros. Termino hoje como costumo terminar as acções que tenho com estes jovens “Se me dizem que namorar é uma coisa e violência é outra, não permitam, nem promovam a violência nos vossos namoros. Namorar deve ser algo positivo, que vos faça feliz. Namorem muito e sejam felizes!”